domingo, 14 de junho de 2009

MAIS UM DIA EXPLENDIDO...

Passei por onde nunca tinha passado, vi lugares esplêndidos com paisagens magnificas, entrei num interior de Portugal onde as velhas tradições se mantêm com a mesma simplicidade e humildade, as terras de amanho estão repletas com as suas cores verdejantes, espaços ocupados também por enormes quantidades de gado ovino e caprino que pastam no silencio característico de um rural interior, a velhinha aldeia com as menos de trinta casas onde ainda se mantêm a traça original de épocas bastante remotas, com as suas construções em pedra de xisto, onde desfrutei do interior de uma casa típica daquelas paragens, cozinha, sala, três quartos, wc, varandas, adega, curral, dois fumeiros repletos de enchidos.
Andei pelo vale e pelos montes, respirando os aromas puros da natureza, estes davam uma sensação de liberdade que fazia fluir pensamentos calmos e belos na minha mente, fazendo que o meu corpo se sentisse num mundo surreal, onde os conflitos num ambiente de uma sociedade consumista e monopolista eram inexistentes, a paz e a harmonia eram uma constante do dia a dia daquela pequena comunidade, onde tudo neste ecossistema está interligado como se, se trata-se de um só elemento.
As pessoas são sociáveis e acolhedoras, desconfiadas de início mas logo depois de algum contacto, nasce uma familiaridade tão intensa que nos faz pensar que as conversas entre nós já eram de velhos conhecidos.
Ouvi temas da terra e narrei temas do meu universo, algo que sempre gostei de ouvir, as histórias são sempre diferentes, isto mediante a sua geografia, ambiente, pessoas e tradições.
No fumeiro ouvi uma fêmea suína que teve 17 leitõezinhos, algo deveras impressionante, ah, ah, ah, ah, ah ou uma ovelha que detêm o recorde em quantidade de leite diário, couves de grandes dimensões, aproveitei a oferta de duas couves, onde cada folha destas faz duas de um jornal aberto, comprei uns enchidos de lá e um queijo amanteigado.
Na despedida as simpáticas pessoas que me acolheram obrigaram-me a prometer uma nova visita aquela aldeia cheia de alegria, paz e sossego.
De regresso ao meu lar já o relógio indicava três horas da manha, foi tomar um duche e ir para o meu “Thálamo” como chamam os gregos a um quarto.
As Quadras Dele (II)
.
Digo pra mim quando oiço
O teu lindo riso franco,
"São seus lábios espalhabdo,
As folhas dun lírio branco..."
.
Perguntei às violetas
Se não tinham coração,
Se o tinham, porque 'scondidas
Na folhagem sempre estão?!
.
Responderam-me a chorar,
Com voz de quem muito amou:
Sabeis que dor os desfez,
Ou que traição os gelou?
.
Meu coração, inundado
Pela luz do teu olhar,
Dorme quieto como um lírio,
Banhado pelo luar.
.
Quando o ouvido vier
Teu amor amortalhar,
Quero a minha triste vida,
Na mesma cova, enterrar.
.
Eu sei que me tens amor,
Bem o leio no teu olhar,
O amor quando é sentido
Não se pode disfarçar.
.
Os olhos são indiscretos;
Revelam tudo que sentem,
Podem mentir os teus lábios,
Os olhos, esses, não mentem.
.
Bendita seja a desgraça,
Bendita a fatalidade,
Bendito sejam teus olhos
Onde anda a minha saudade.
.
Não há amor neste mundo
Como o que eu sinto por ti,
Que me ofertou a desgraça
No momento em que te vi.
.
O teu grande amor por mim,
Durou, no teu coração,
O espaço duma manhã,
Como a rosa da canção.
.
Quando falas, dizem todos:
Tem uma voz que é um encanto
Só falando, faz perder
Todo juízo a um santo.
.
Enquanto eu longe de ti Ando,
perdida de zelos,
Afogam-se outros olhares
Nas ondas dos teus cabelos.
.
Dizem-me que te não queira
Que tens, nos olhos, traição.
Ai, ensinem-me a maneira
De dar leis ao coração!
-
Tanto ódio e tanto amor
Na minha alma contenho;
Mas o ódio inda é maior
Que o doido amor que te tenho.
.
Odeio teu doce sorriso,
Odeio teu lindo olhar,
E ainda mais a minh'alma
Por tanto e tanto te amar!
.
Quando o teu olhar infindo
Poisa no meu, quase a medo,
Temo que alguém advinhe
O nosso casto segredo.
.
Logo minh'alma descansa;
Por saber que nunca alguém
Pode imaginar o fogo
Que o teu frio olhar contém.
.
Quem na vida tem amores
Não pode viver contente,
É sempre triste o olhar
Daquele que muito sente.
.
Adivinhar o mistério
Da tua alma quem me dera!
Tens nos olhos o outono,
Nos lábios a primavera...
.
Enquanto teus lábios cantam
Canções feitas de luar,
Soluça cheio de mágua
O teu misterioso olhar...
.
Com tanta contradição,
O que é que a tua alma sente?
És alegre como a aurora,
E triste como um poente...
.
Desabafa no meu peito
Essa amargura tão louca,
Que é tortura nos teus olhos
E riso na tua boca!
.
Os teus dente pequeninos
Na tua boca mimosa,
São pedacitos de neve
Dentro de um cálix de rosa
.
O lindo azul do céu
E a amargura infinita
Casaram. Deles nasceu
A tua boca bendita!
(Autora: Florbela Espanca)
Desejos de um belissimo Domingo, num espaço onde todas as pessoas se possam sentir "Felizes" á sua maneira.

4 comentários:

Pelos caminhos da vida. disse...

Um passeio explendido narrado por vc amigo, podemos dizer assim uma higiene mental,conhecer novos lugares,ter contatos com novas pessoas,o cheiro da relva,tudo isso não tem preço.
Lindo poema de Florbela.

Domingo de bençãos amigo.

beijooo.

Val disse...

Boa noite LUis! Quando sentimos necessidade de descansar, relaxar, recuperar as energias....um momento de reflexão, no faz esqueçer do corre-corre do dia-a-dia.. Luis como você descreveu o ambiente é muito agradável e acolhedor principalmente pelo carinho das pessoas.
LUis tenha uma ótima semana.
Beijos com carinho

Laura disse...

Olá! Fumeiro dependurado em tardes de verão? Só adivinhando...Fumeiro é de Invernos, de tempos gelados, de lareiras acesas para que o fumo faça os eu trabalho...

´Ruralidades, um belo mundo a descobrir, na nossa lingua, porque aqui na nossa terra temos de tudo. Sou neta e bisneta de lavradores, e, posso afiançar, mesmo sendo apenas o lar, ou aldeia dos nossos avós, não há algo mais belo no mundo, para recordar, do que aqueles tempos em que crianças, calcorreavamos montes e vales, ouviamos o eco entre penedos, das palavras gritadas aos ventos!...o cantar do cuco, as rãs nos paúis, ah, a belas recordações me levaste, ó quatorze...
um beijinho da laura.

Paula disse...

Tens de começar a tirar fotos para nos mostrares esses teus passeios...
Beijocas e boa semana,
Paula